domingo, 28 de setembro de 2014

Entrevista Com Claudio Fonzi


Claudio Fonzi.
Essa semana bati um super papo com Claudio Fonzi, que conheci em Petrópolis-RJ nos anos 90, quando ele tinha uma loja de discos Chamada Renaissance  nessa época eu vendia discos na rua em frente ao Teatro Dom Pedro e comprei com o Claudio meu primeiro disco de Blues, uma caixa com 05 discos do Robert Johnson. Apesar de vários amigos em comum, ficamos quase 15 anos sem contato, coisas da vida..... desse reencontro, fizemos a entrevista abaixo:
1-Seu início comercial na música se deu através da loja Renaissance? Ela ainda existe? 
R: O início de tudo aconteceu de forma puramente informal. Venda de discos no meu quarto, ainda na casa dos meus pais ou indo na casa de amigos. Foi em 1985 e eu tinha 20 anos nessa época.Em seguida aconteceu a grande reviravolta e minha profissionalização: em 1988 criei a gravadora Som Interior Produções Artísticas para produzir e lançar o vinil do grupo petropolitano Anno Luz. Posso realmente afirmar que tudo que aconteceu em minha vida profissional foi devido a esse disco. Já a Renaisance Discos surgiu posteriormente, em janeiro de 1993. A rigor, ela nunca deixou de existir após essa data, mas depois de 21 anos, ela está atuando apenas na internet. Mas os planos de ressurreição como loja física estão vivíssimos e ainda para 2014.

2- De onde veio a ideia da produção cultural com o fomento de Shows Nacionais e internacionais?
R: Eu tenho um gosto musical bastante eclético, adoro música Folk, MPB, Hard Rock, Blues, Rock em geral etc, mas sempre me identifiquei muito com o Rock Progressivo e sempre percebi as enormes dificuldades que as pessoas tinham para obter um disco ou ver um show. 
Claudio Fonzi e Sergio Hinds, Guitarrista do Terço.
Com o tempo fui conhecendo músicos do estilo e percebi que os problemas eram muito mais graves ainda, dada a grande dificuldade de se encontrar produtores, gravadoras, casas de shows, apoio da mídia etc... Dessa forma, desde bem jovem, na casa dos meus 18 a 19 anos que comecei a pensar seriamente em fazer algo em prol do Progressivo. Idealizei então me formar, arranjar emprego e economizar para um dia poder fazer esse "algo" que eu ainda nem sabia o que realmente seria. Felizmente, os caminhos tortuosos da vida me encaminharam muito mais rapidamente do que eu imaginava e mesmo sem a menor condição financeira para investir em alguma coisa, as oportunidades foram aparecendo e logo me vi completamente envolvido nesse universo. Cronologicamente falando, posso dizer que iniciei em 1988 com a produção do vinil do Anno Luz citado acima. Já em termos de shows, iniciei em 1990, quando assumi a responsabilidade de produzir o primeiro show profissional da banda carioca Quaterna Requiem. Aconteceu em uma casa noturna situada na Barra da Tijuca e chamada Perestroika, a casa era ótima, mas a distância era imensa na época e o horário e dia bastante impróprios (5ª feira a partir das 23h). Apesar disso, foi um sucesso extraordinário, casa hiper lotada, muitas pessoas tiveram de ficar completamente imprensadas em outras. Esse sucesso inicial, apesar de tantas dificuldades impossíveis, me deu tanto orgulho e felicidade que me fez querer trabalhar nisso para sempre!!!

 3- Como é o espaço para essas bandas tocarem?
 R: De modo geral, infelizmente, o espaço é muito restrito e difícil em todas as áreas do Brasil.

4- Recentemente o Prog Festival foi fechado em uma das maiores casas de Minas Gerais o Teatro Bradesco MG, existe a possibilidade real de se levar Prog Festival para outras capitais e já emendando de primeira, o que falta paras as outras capitais receberem o Prog festival?
Claudio Fonzi e Elis no Show do Scorpions.
R: Intenção realmente existe, mas a inexistência de parceiros que entrem em sociedade, tanto investindo recursos quanto dividindo lucros e prejuízos, impossibilita.Fazer um evento progressivo em Belo Horizonte é um sonho que tenho há muitos ano,
agradeço imensamente a oportunidade dada pela direção da casa e o crédito recebido. Espero que tudo corra com perfeição, apesar das minhas obvias limitações como ser humano. Não tenho a menor dúvida que esta produção está sendo a mais louca atitude que já tive, mas levo fé que o público vá prestigiar e que tudo será um sucesso. Aí sim, se for um sucesso, tenho real esperança de que a credibilidade ficará maior e acontecimentos do gênero possam se repetir em casas desse nível e até mesmo em outros estados.

5-A Imprensa especializada ajuda na divulgação desses eventos?
R: Normalmente não, mas espero que nesse caso acima, venha a ajudar. A imprensa mineira é bem mais aberta musicalmente que a do resto do país, então é perfeitamente possível.

6-Dos artistas que você trouxe para fazer shows qual te deu mas satisfação pessoal e Porquê?

R: Indubitavelmente foi com a cantora Annie Haslam do grupo inglês Renaissance!!Aconteceu em 1997 e foi minha 1ª produção internacional. Sempre digo que comecei com os 2 "pés direitos", pois foram nada mais, nada menos que 4 shows lotados com a "musa das musas do Rock Progressivo"!! Além do mais, o Renaissance sempre foi das minhas maiores paixões e justamente foi o nome que escolhi para dar à minha loja de discos.

7-Qual Banda/artista que ainda não trouxe mas gostaria de trazer?
Claudio Fonzi, Marcus Viana e Kleber Vogel
R: Bem, aí a lista é muito grande... mas, dentre os que ainda julgo como possíveis estão o multi-instrumentista inglês Mike Oldfield, os grupos alemães Eloy  e Grobschnitt e os grupos ingleses  Steeleye Span e Hawkwind.

8-Qual a expectativa de Shows para 2014?
R: Depois do BH Prog Festival farei um show com um antigo projeto que é um verdadeiro sonho meu: O Terço tocando as principais músicas dos lamentavelmente subestimados e esquecidos álbuns "O Terço" de 1973 e "Mudança de Tempo", de 1978. Esse show ocorrerá nas datas de 01/10 encerrando o BH Prog Festival e no dia 02/10 no Rio de Janeiro, no Teatro Rival.

9-Alguma Surpresa para 2015?
R: Bem... com certeza!!!!!! Mas nada posso falar sobre elas, senão deixarão de ser surpresas... hehehe

10-Talvez muita gente não saiba, mas você produziu 14 cds, gostaria que você falasse um pouco sobre isso.
R: Sim, tenho muito orgulho de todos. Um trabalho insano em promovê-los, ainda com as minhas eternas limitações de ser um "exército de 1 homem só”. 
Obviamente, no decorrer dessa estrada, encontrei muitas pessoas que me ajudaram e sou muito grato a todas, mas, no cômputo geral, a realidade sempre foi aquela e isso complica muito. Em termos de CDs, meu 1º artista foi o grupo Luz da Asia, criado no Rio, mas com músicos de procedências variadas. Um grupo musicalmente maravilhoso, absolutamente brilhante tanto em estúdio quanto ao vivo.O CD foi o 1º da banda e recebeu o título de "Orientales". Foi lançado em 1995 e teve várias tiragens.


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